19 de jan. de 2010

passo a fundo


o compasso do mundo
é um compasso miúdo,
é quem roda o moinho
a momentos moídos

pica-pau, bate-estaca,
corta fundo a navalha,
sangrador não estanca
oh, meu Deus! vem, me valha!

rodo a toque de caixa,
atravesso por brechas,
escorrego nos ralos
e me escondo no chão

4 de jan. de 2010

o honroso vadio


a cidade vadia estendeu sua mão
e me deu certo amparo: um farrapo e um chapéu
um sabor de anteontem, solvendo o de fel
e uma barba que esconde-me o couro, o borrão

abro mão de qualquer posição favorável
contentando-me em ter um nariz como escudo
que ora despe meu ego e me faz quebrantável
ou me envia tal qual quebra-gelo ao sisudo

troco idéias com Chaplin ou Lewis
me confino com o Emmett Kelly
as saídas sutis?
escrevi sobre a pele

não limito os meus pés a vagar
peito aberto, meus podres à mostra
atiço teus vermes
destampo-te as fossas