19 de ago. de 2020
crônica e centimetral
sou tão veloz
quanto um cedro.
se um dia eu chegar
a ser grande,
que eu chegue lá vivaz
e que esse dia não termine cedo.
suas
lembre-se, ser que flutua:
sendo eu um ser de raízes
fixei-me em si como na rua
fixa-se o caminho dos felizes.
suas asas ao encontro
de outro alento (mais ligeiro
eu diria até mais perspicaz)
vão. sem teto o meu tronco.
à casca crua restam pousos passageiros
e o temor de ter talhadas as iniciais
não nossas, suas.
14 de ago. de 2020
engenho
passarinho pousado
de lado me espia.
nem desconfiança
nem ousadia.
só gestos de escuta.
certamente um catador
de concertos faltantes.
pouco barulho o espanta.
veio catar-me o silêncio de agora
(o único em mim
que aprendeu a voar)
mas por que nunca os de antes?
11 de ago. de 2020
jenga
palavra alçada ao topo
desequilibra pelo peso pela
falta
não era pra ser jogo
mas joga
tudo
no chão
4 de ago. de 2020
historiografia e perspectiva do peito
sobre hoje
quem sabe amanhã
saberei
tantos ontens
que até hoje
eu não sei
3 de ago. de 2020
seres
ao amanhecer os deuses
caem no sono
dormem o dia inteiro
e uns sonham
sonhos
incontroláveis
e incontornáveis
como todos os sonhos
como todos os seres
com que sonham
ao mesmo tempo
em que do outro lado
dos contornos dos sonhos
tais seres de fato incontroláveis
somos
2 de ago. de 2020
aquilo que foi
aquilo que foi
dito ouvido sentido
durante o breve sufoco
que intervala um suspiro
pondo sentido no que estava oco
atravessou maus mandatos
sobreviveu a mil surtos
mesmo estilhaçado o próprio pacto
e dissolvidos alguns dos efeitos
segue inscrito
mais do que dogma
como um estigma
da verdade e do tempo.
1 de ago. de 2020
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