dois ursos hibernantes
por fendas entreabertas de meu peito
permitem conhecê-los
enquanto não lhes passa tal efeito
vem-me um medo: que esses ursos enjaulados não despertem
apesar de eu confiar nos dias quentes que virão
então deformo o peito
fornalha bombeando sangue e fogo
desboto minha imagem
é nudez minha ruína, meu esgoto
e ao passar as minhas horas tête-à-tête com o espelho
tento mesmo é espedaçá-lo e mosaicar-me grão por grão
um plágio michelângelo
expondo minha pós-recriação:
a ardente criatura
e o gélido senhor dessa invenção
Afinal, vocâ quer mesmo que eles despertem?
ResponderExcluirNão te dá segurança maior vê-los dormir?