a dádiva da semente é a muda.
a da muda, o broto; a do broto, a flor;
a da flor, o cheiro; a do cheiro, o riso.
minha mão nunca soube
ser colhida por tais dádivas.
nunca soube, não se lembra.
tanto faz.
mas a bolsa que carrego
--motivo de escárnios contra mim--
já nasceu-me abarrotada de risos.
cheiro já não tenho, mas tenho
qualquer coisa de semente,
qualquer coisa de flor.
apanho, abro e lanço risos.
tenho pra mim
que a dádiva do riso
me escolheu.
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