de minha janela
que desde sempre teve
aspirações aeroportuárias
vejo chegarem
--silenciosas e invisíveis--
as naves que me secam a cara
com seus bafos frios estrangeiros
trazendo nadas, mas revelando poeiras
depois, vem a troca de turno
hora das naves partirem
não mais tão silenciosamente,
já livres de qualquer translucidez
porque levam condensadas as cinzas
--até então dispersas e impercetíveis--
tripuladas por gritos pressurizados
fazendo de quem fica
alguém de si
sem nação
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