17 de nov. de 2008

em claro


se me convém
gastar as solas da esperança
e lhe engrossar as coxas
e constatar que mesmo assim ela não cansa
passo adiante

deito ao convés
mirando estrelas embaladas
regidas por marés
pelo oscilar que minha nau sofre do mar
(é pela espera...)

e, pela espera, até agora estou aqui
contando as rugas que o pintor riscou no mar
(e quantas rugas separando nossos portos,
e tantas valsas balançando os astros tantos!)

e assim, além de compilar do mar as rugas
vai meu saveiro coletar corpos celestes
que se abandonam atraídos pelas águas
cadenciando e reluzindo a minha espera