26 de jul. de 2008

febre norturna


cenários pintados no vento
bares, boêmios, paixões
sonhos que servem de alento
cantiga em violões

os medos convertem-se em risos
frouxos, que explodem pro céu
pés desprendidos dos pisos
um são e um pinel

desertas prosseguem as ruas
densos, os rios da ilusão
brasas da tez seminua
ardentes ou não

não seja uma esquizofrenia
pinga mineira ou a morte
vista na breve alegria
que chegue e se aporte

22 de jul. de 2008

sob encomenda


diz com que cara você quer que eu saia...
que personagem vai querer que eu seja:
um belo amante que te ama e deseja
ou um qualquer que não é de sua laia?

o papo muda a depender do gosto,
troco o tempero de acordo co'o trato,
não obstante estar no meu contrato
"por trás do pano, sempre o mesmo rosto"

sob encomenda, serei todo seu
até o minuto predeterminado,
quando desfeitas todas as suas máscaras

e revelado o teu oculto 'eu'
(assim recuo meu pobre ser quadrado
me confiando nos sinais de Bháskara)

4 de jul. de 2008

a adriça e o estandarte


arco-íris de três cores,
foi um céu que riu pra mim
com candura e paz de querubim,
adocicando os meus mil dissabores

me encharque em tua alegria
e me ofusque em luz solar;
mire em mim co'os olhos de angorá,
dê-me alcançar tua nobre estrela guia

sendo tu, porém, bandeira
a bailar no campo das princesas
leve e distinta sobre qualquer eira

eu não temo em te furtar:
trago-te meu ouro e minhas riquezas,
e o peito em fogo pra te flamejar