4 de abr. de 2018

a barca do sal


cala-te, homem!
já basta o teu gestual
a atrapalhar
a paz marítima.
isenta-te ao menos
do gesto verbal
e reconhece que é vencida
enfim tua serventia.

nunca foi de águas
--de margem ou marinhas--
aquela barca estacada de sonhos
de que falavas
em pleno delírio

o sal
incrustado em sua proa
era do infértil e promíscuo solo
onde ela primeiro ancorou
criando raízes.

nunca foi tua aquela barca.
portanto, cala-te, homem!
agora és distração apenas nossa,
não mais da barca do sal.
conta-nos e desenha-nos estrelas
mas não te iludas:
nossas galáxias nunca serão tuas.

2 comentários:

  1. Carlos,
    Maravilhoso!

    Tuas metáforas são lindas, ímpares - e tão plurais! Pensei em tantas possibilidades!

    Beijos! =)

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    Respostas
    1. Minha querida poeta... Ímpar é tua presença aqui. Obrigado sempre!

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