17 de jan. de 2006

pobre mocidade

de onde vem a inspiração dos antigos,
dos sambistas, trovadores do amor
que mastiga de tristeza os abrigos
moribundos, maculados de dor?

vem, quem sabe, do intragável sabor
de não ter ou perder os descompassos
que liberta, do cortante rubor,
o desejo de entregar-se aos abraços.

ou, talvez, do maior desembaraço
de viver tal como viveu Orfeu.
mas onde anda a inspiração, neste espaço
que, baldado, tudo já feneceu?

foi-se embora de onde o samba nasceu,
ou calou-se nos porões da saudade?
não! expulsa por essa mocidade,
despejada do glorioso apogeu...

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