23 de nov. de 2007

cemitério de lágrimas



chuva,
vem lavar-me
os olhos molhados
(de sangue)
e escorrer de mim
um rio vermelho

criar correnteza,
moldando vales e trilhas;
manchando a terra
por onde vais

corra,
murche palavras,
seque sementes,
se despedaçando
e, enfim,

sepulte a tristeza
num mar
que morto
já está

22 de nov. de 2007

andorinhando



todo devoto,
visto-me e volto,
cantando baixinho
ao som dessa aurora,
ao príncipe raio de sol.

mãos calejadas
e asas malhadas
de tanto voar --
vivendo estações,
guiado por outras canções...

volto esmolando
por um verão.
assim, no gerúndio,
vou andorinhando
um ninho pro novo interlúdio.